1. Para começar, conte-nos um pouco mais sobre a sua carreira profissional. Quando é que decidiu trabalhar neste setor?
Depois de me formar em Gestão de Empresas, fiz uma pós-graduação em Gestão de Empresas no Georgia Institute of Technology, nos Estados Unidos, algo pouco convencional neste setor. Voltei para Espanha e permaneci em Palma de Mallorca. Cidade em que a maioria das pessoas acaba por trabalhar no setor do turismo. Foi assim que comecei a trabalhar como Diretor de Novos Projetos na Barceló Viajes. Era o início dos anos 2000 e, com o novo século, criámos a Rumbo, a Wanadoo Viajes e muitos outros projetos tecnológicos interessantíssimos com parceiros como operadoras móveis, grandes grupos audiovisuais ou grupos editoriais como a Planeta. Posso revelar que até considerávamos o teletexto uma poderosa ferramenta de vendas de viagens… imaginem só! Desde então, muitas coisas mudaram. Após esta fase divertida, porém cansativa, assumi cargos de Direção-Geral na Iberia Travel e, mais tarde, na BCD Travel, pelo que desenvolvi um profundo conhecimento do setor desde várias perspetivas: férias, viagens corporativas, eventos…
2. Poucas pessoas têm oportunidade de conhecer tão de perto o segmento MICE e o setor das viagens corporativas em Espanha. Que tendência de negócios destacaria?
A sustentabilidade é uma tendência fundamental no setor das viagens corporativas, bem como no segmento MICE. E não algo passageiro que se faz só para mostrar aos outros: é uma responsabilidade absoluta para com o nosso planeta e a nossa sociedade.
Relativamente às viagens corporativas, na BCD Travel, somos líderes em sustentabilidade: atingimos a neutralidade carbónica (graças à compensação da nossa pegada de carbono através de um projeto de reflorestação inteligente). Além disso, também oferecemos ferramentas para identificar e equilibrar a pegada de carbono provocada pelas suas viagens corporativas. Mas vamos mais longe, também levamos a cabo serviços de consultoria ambientalmente responsável, fazendo recomendações sobre alternativas ecológicas para melhorar a política de viagens dos nossos clientes.
Relativamente aos eventos corporativos, o nosso compromisso é desenvolver experiências corporativas através da tecnologia. Estas experiências permitem-nos minimizar a utilização de recursos naturais e considerar a adoção de elementos biodegradáveis ou reutilizáveis em absolutamente todas as fases do evento.
Ou seja, devemos ter em mente que a rendibilidade das nossas viagens e eventos corporativos não deve traduzir-se apenas na demonstração de resultados das nossas empresas, mas também num impacto ambiental e socialmente positivo.
3. Que diferenças identifica entre o segmento MICE espanhol e o de outros países europeus?
O segmento MICE espanhol possui uma grande projeção internacional. A profissionalização dos eventos corporativos é o nosso cartão de visita. A segurança das nossas principais cidades e as infraestruturas públicas também ajudam a colocar Espanha entre os principais destinos para reuniões de negócios, conferências, incentivos e feiras.
A segurança das nossas principais cidades e as infraestruturas públicas também ajudam a colocar Espanha entre os principais destinos para reuniões de negócios, conferências, incentivos e feiras.
Talvez a nossa localização e cultura tornem Espanha num destino competitivo relativamente a pontos fortes como as praias e a natureza. Apesar da primavera e do outono concentrarem a maior parte dos eventos, a sazonalidade não é tão evidente, já que temos a sorte de desfrutar de um clima agradável durante todo o ano.
4. Um dos principais objetivos da BCD é a inovação em viagens corporativas. Quais ferramentas utilizam para atingirem esse objetivo?
Na BCD Travel, simplificamos a gestão das viagens corporativas através da combinação de competências e serviços para cumprir ou melhorar os objetivos definidos no programa de viagens.
Dispomos de diversas soluções para responder a qualquer necessidade, no entanto, se tivesse de destacar uma, destacaria a nossa abrangente plataforma de gestão de viagens. Na qual se destacam duas ferramentas:
A nossa aplicação TripSource®. Desenvolvida para quem viaja com a BCD. Esta aplicações fornece itinerários detalhados, notificações pré-viagem, atualizações de voos e as melhores opções de reserva. A TripSource® pode ser acedida a partir de qualquer dispositivo e dá aos seus viajantes acesso às políticas assinaladas no programa de viagens.
Já a DecisionSource® é a plataforma que disponibilizamos para os gestores de viagens. É composta por uma ampla gama de soluções que auxiliam na consolidação de dados, análises estatísticas, analíticas e preditivas. Desta forma, pode-se incentivar o acesso a preços mais competitivos nos programas de viagens, aumentar o cumprimento das políticas internas e facilitar a tomada de decisões.
5. Com mais de 2800 clientes em Espanha, qual é o principal ponto forte da BCD para ter uma taxa de retenção de clientes de 97%?
A BCD Travel é uma empresa líder no setor de viagens corporativas em Espanha. Temos apostado na especialização e na adoção precoce de novas tendências, identificando e adequando-nos às exigências do mercado. Evoluímos de uma agência convencional para uma Agência de Gestão de Viagens. O que significa que, além de sermos responsáveis pela gestão da própria viagem, também prestamos um serviço de consultoria alargado e transversal. Para atingir este objetivo, a tecnologia e a inovação são fundamentais, tendo sempre presente que somos uma empresa 100% orientada para o cliente: os nossos clientes são o centro da estrutura.
Quem viaja em negócios espera da sua Agência de Gestão de Viagens rapidez, eficiência, um preço competitivo, segurança, um serviço personalizado… e, na BCD Travel, temos sido pioneiros em responder a estas exigências com uma oferta assente na excelência. No entanto, temos noção da importância da imediatez e da possibilidade de ter acesso a todo o tipo de informações sem barreiras. Hoje em dia, quem viaja quer uma relação humana exclusiva, personalizada: contacto com uma pessoa real, que conheça as suas preferências e trabalhe para as satisfazer. Este é o “novo luxo”, o atendimento personalizado torna-se uma proposta de valor e um extra, um conceito que o viajante corporativo quer que esteja incorporado no seu dia a dia. Esta é mais uma das propostas de grande valor da BCD Travel e também um dos nossos pontos fortes no que toca à retenção de clientes.
Uma relação humana personalizada: contacto com uma pessoa real, que conheça as suas preferências e trabalhe para as satisfazer.
6. Vamos falar sobre a GEBTA, de que forma é que esta organização está a ajudar o setor espanhol de viagens corporativas a evoluir?
A primeira meta que considerei foi incluir na nossa associação mais de 75% do setor. Uma vez alcançada essa meta, a GEBTA passa a ter a certeza de que tem os mesmos objetivos que o setor. Um dos princípios da nossa organização é melhorar a eficiência do setor das viagens corporativas em Espanha. Na nossa opinião, somente a operação eficiente de todos os vários intervenientes da cadeia de valor pode garantir o desenvolvimento e maturidade ideais do nosso setor. Isto implica trabalhar em conjunto com todos os intervenientes, desde os fornecedores até ao cliente final.
Esta é uma perspetiva bastante única. A GEBTA é uma organização diferente, com uma forte cultura de colaboração e transferência de conhecimento. Do ponto de vista prático, o posicionamento e a atuação da GEBTA traduzem-se fundamentalmente na capacidade de gerar e partilhar conhecimento e inteligência de mercado, bem como na promoção de práticas desejáveis no setor. Este foco, que faz parte do ADN da GEBTA, tem vindo a ser reforçado ao longo dos últimos anos.
7. Relativamente à Responsabilidade Social Corporativa: que elementos deve incluir uma estratégia de RSC?
Como ponto de partida, devemos analisar a nossa empresa e grupos de interesse, identificando pontos fortes e áreas de melhoria. Em seguida, devemos desenvolver códigos e políticas éticas que reflitam claramente os objetivos e compromissos públicos da nossa empresa, identificando os riscos inerentes à nossa atividade.
Apoiar iniciativas globais como o Pacto Global das Nações Unidas é um compromisso voluntário, bem como uma oportunidade para fortalecer a cooperação para o desenvolvimento. Um dos pilares fundamentais de qualquer estratégia de RSC no nosso setor deve ser o alinhamento da sua atividade com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma iniciativa promovida pelas Nações Unidas que integra aspetos económicos, sociais e ambientais.
O setor do turismo desempenha um papel fundamental na concretização dos ODS e da Agenda 2030, não só através de um comportamento responsável e sustentável, mas também gerando rentabilidade e crescimento de forma eficiente. A concretização destes ODS deve assumir a forma de objetivos que possam ser medidos. Esta é a forma mais realista de acompanhar o desenvolvimento e o progresso da nossa empresa.
Além destes compromissos públicos, podemos trabalhar em iniciativas próprias que vão além do estabelecimento. Criar alianças estratégicas com outras entidades do setor público e privado é uma alternativa. Desta forma, alcançaremos maiores níveis de inovação e ampliaremos o âmbito da nossa política de sustentabilidade.
8. Tanto relativamente à BCD quanto à GEBTA, qual é o seu principal objetivo profissional no setor das viagens corporativas e segmento MICE? Em que sentido gostaria de fazer a diferença?
Qualquer gestor gostaria de liderar o mercado. Tornámos a BCD Travel numa das maiores Agências de Gestão de Viagens do mercado espanhol e, a nível global, numa das três principais marcas. O objetivo a longo prazo da BCD Travel é ser uma referência para os nossos clientes corporativos, tanto no segmento de grandes empresas quanto no segmento de PME, no setor das viagens corporativas e no segmento MICE. Este é o principal propósito que move toda a equipa da nossa empresa.
Queremos ser um parceiro 360º e isso passa pelo foco no cliente, oferecendo soluções personalizadas com a liderança global de uma empresa de referência internacional com a mesma flexibilidade que um fornecedor local proporcionaria. Da mesma forma, o objetivo da GEBTA enquanto organização de referência no setor das viagens corporativas é continuar a apoiar o setor através da rápida transformação da indústria, numa perspetiva de aconselhamento especializado, bem como através das boas práticas do setor no mercado. Este trabalho está intimamente ligado à capacidade de transferir para as diferentes áreas e departamentos das empresas o valor estratégico das viagens corporativas como forma de potenciar o crescimento e o desenvolvimento da economia. Também é importante potenciar o desenvolvimento profissional dos colaboradores e, com isso, a retenção de talento.
9. Prevê alguma mudança relevante no segmento MICE e no setor das viagens corporativas em 2020?
Estamos otimistas e acreditamos que podemos atingir os nossos objetivos, mas temos de ser cautelosos com a situação do mercado: a instabilidade económica e política global tem efeitos evidentes em todas as áreas e não podemos simplesmente ignorar este contexto. No entanto, as empresas que entendem as viagens como um investimento encontram-se numa melhor posição para enfrentar crises e incertezas: é por isso que os profissionais de viagens corporativas devem manter-se otimistas.
No caso do segmento MICE, teríamos de acompanhar de perto os efeitos do cancelamento de grandes eventos em consequência do coronavírus. De momento, estamos a lidar com cancelamentos ou atrasos decorrentes de eventos inesperados de grande impacto, algo que, até ocorrer com o Mobile World Congress, parecia impossível.
10. O que o NH Hotel Group lhe oferece enquanto parceiro?
O NH Hotel Group oferece confiança, garantia e diligência na qualidade do produto ao lidar com clientes corporativos. O grupo trata de requisitos específicos em cada local em que opera.