"Não vendemos produtos, vendemos emoções"

Malin Nilsson

Malin Nilsson

Diretor de Eventos e Key DM da CWT

Embora o seu início tenha mais a ver com a gastronomia, a carreira de Malin Nilsson centrou-se no setor MICE durante duas décadas. Ciente das diferenças entre gerações, ele confia que a tecnologia pode nos dar as chaves para o avanço do negócio. Ele nos conta sobre isso e muitos outros assuntos na entrevista de hoje.

Planificador de eventos

Set 19, 2019

1. Para começar, conte-nos um pouco mais sobre a sua carreira profissional. Quando surgiu o seu interesse pelas viagens de negócio?

Sempre adorei viajar, desde miúda, sempre viajei para o estrangeiro pelo menos duas vezes por ano. Depois, há mais de 20 anos, iniciei uma carreira no setor MICE quase por acidente. Conheci as pessoas certas na altura certa. Desde então, sempre trabalhei no setor MICE. Antes, trabalhei numa empresa familiar no setor da alimentação, nomeadamente no setor do salmão fumado. Não tinha nada a ver com o meu cargo atual, como é evidente. Mas sou uma especialista em fatiar salmão fumado.

2. Depois de vários anos a trabalhar em vários setores das viagens de negócios, que fatores chave organiza para diferentes eventos?

O essencial é identificar os motivos de um determinado projeto, a razão por trás do evento. Para desempenharmos o nosso trabalho corretamente, precisamos de uma ideia clara das metas e mensagens que o nosso cliente deseja transmitir aos participantes.

Depois de definir as metas, está na altura de começar a construir o projeto. Isto sem esquecer as restantes peças, tais como os perfis dos participantes, o local certo para o evento, a melhor data para o cliente e os participantes…

3. Na CWT, é importante conquistar o viajante ao organizar uma viagem. Como consegue fazer isso?

O mundo muda muito rapidamente, bem como as prioridades e as necessidades dos participantes em eventos MICE. Para transformar um evento numa experiência positiva e especial, é fundamental a personalização. As expetativas das novas gerações são muito diferentes das expetativas das gerações mais velhas. Por isso, temos de encontrar o equilíbrio que permita a todos os participantes entender e estabelecer uma ligação com a mensagem que queremos transmitir. Só assim podemos criar uma experiência memorável para todos.

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4. Qual é o papel da tecnologia nos processos de organizações de viagens? Como podemos utilizar a tecnologia para acrescentar valor a todo o processo? Em relação ao futuro, que tendências se concretizarão no negócio nos próximos anos?

Tecnologia é essencial para obter e analisar os dados dos viajantes e participantes de forma segura. Deste modo, podemos personalizar a nossa oferta de acordo com as suas necessidades e preferências. As possibilidades de inovação através da tecnologia estão a avançar a um ritmo frenético e, por vezes, é difícil acompanhá-lo. Creio que a tecnologia biométrica já é uma realidade e vai estar presente em todo o lado no futuro próximo. Imagine abrir a porta do quarto do hotel com o rosto, detetar e avaliar as reações do público durante uma sessão ou saber que expositores cada participante visitou durante uma exposição.

Em relação às tendências, como já mencionei, as novas gerações têm outras prioridades e expetativas. Vejamos um exemplo simples como a alimentação. Atualmente, existem mais pessoas que não comem carne ou que têm alergias ou intolerâncias. Deveremos conseguir criar e exigir que os nossos fornecedores de restauração apresentem novos menus para que todos se sintam valorizados de igual forma.

Embora este seja um fenómeno que se sente há um par de anos, é agora indispensável criar eventos mais sustentáveis. Deveríamos ter em conta a sobreutilização de plástico e o desperdício criado pelos eventos… E se trocássemos as garrafas de águas por fontes de água ou reciclássemos os artigos de carpintaria?



5. O que gostaria de melhorar no setor MICE?

O setor é bastante especial. Não vendemos um produto, vendemos emoções, marcas, personalização… Com frequência, é complicado encontrar o equilíbrio entre os requisitos e exigências do cliente e o seu orçamento. Por isso, é bastante difícil quantificar o valor dos esforços de um evento ou o valor do RoI. Acho que os clientes se estão a aperceber gradualmente deste aspeto do setor, e o setor está a tentar facultar dados e metas mais claras.

6. Já teve alguma situação em que tudo correu mal? Como resolveu a situação?

É fundamental ter um plano B ao organizar um evento. E até um plano C. A antecipação é essencial para evitar que um incidente estrague um evento. Ocorrem sempre situações inesperadas, alterações de última hora, momentos de tensão, mas a agência deverá tê-los antecipado, apresentar soluções e garantir que o incidente tem um impacto mínimo no evento.

7. Que conselho daria a um profissional que está a começar a carreira no setor MICE?

O meu conselho seria que tirasse partido das oportunidades para aprender e aprofundar em cada fase do planeamento de um evento. Que seja observador, preste atenção aos pormenores e que traga uma solução antes de comunicar um problema. É um mundo repleto de paixão, com muitos sacrifícios, mas conquista-nos.

8. Quais são as principais características de um profissional no setor MICE?

Acho que são duas: paixão e entusiasmo. Como disse antes, este é um setor difícil mas repleto de paixão. Ser uma pessoa muito organizada também ajuda e ser criativo.

9. Uma última pergunta: que outros territórios profissionais gostaria de explorar para complementar os conhecimentos e a experiência de que já dispõe?

Não pretendo avançar para outras áreas profissionais nesta altura. Estou feliz neste setor. Mas gostava de desenvolver o meu conhecimento de línguas, tais como o italiano. E alcançar um nível de proficiência em francês.

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